Protesto, na Livraria Cultura do Casa Park, foi para conseguir informações sobre a data dos pagamentos. O estabelecimento comprou a Fnac há 15 meses.
Lígia Vieira
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Um grupo de ex-funcionários da Fnac fez uma manifestação na loja da Livraria Cultura do Casa Park, na tarde da última quinta-feira (25), por não terem recebido ainda indenizações. A Livraria Cultura comprou a Fnac no ano passado e, desde então, os empregados da empresa francesa fazem parte do quadro de funcionários da livraria. A direção da Cultura afirmou que “nada tem a declarar sobre o evento”.
No ato, os trabalhadores pediam o pagamento das multas rescisórias e do FGTS, que, segundo os manifestantes, está atrasado há cerca de um mês, sendo que a lei obriga que seja pago 10 dias depois do fim do aviso prévio. “Até agora, só fizeram promessas falsas e dizem que vão pagar ‘na próxima semana’. Tem gente que está com dificuldade para comprar comida e está com medo de ser despejado”, conta Wanderlan de Oliveira, 30 anos, um ex-funcionário.
Os ex-empregados da empresa realizaram o protesto para chamar atenção dos donos da livraria e assim obter respostas e prazos para os pagamentos. “Depois da manifestação, conseguimos conversar com representantes da empresa, que prometeram apresentar um acordo até segunda-feira. Mas não sei se vamos aceitar, porque a equipe está bem balançada e precisa do dinheiro”, relatou uma ex-funcionária que preferiu não se identificar.
Protestos pelo Brasil
Os manifestantes se basearam em um protesto que foi realizado na semana passada, em São Paulo. Nele, ex-funcionários da Fnac faziam o mesmo pedido: pagamento das verbas rescisórias. Sendo que na região, as lojas da rede foram fechadas há mais tempo, ainda em setembro.
Dívidas e recuperação judicial
A Livraria Cultura comprou a Fnac no ano passado e, recentemente, fechou algumas lojas da rede em todo o país, inclusive Brasília – que encerrou o serviço em 11 de novembro. A empresa passa por uma crise econômico-financeira e, nesta sexta-feira (26), a Justiça de São Paulo aceitou o pedido de recuperação judicial da livraria. As dívidas, que em sua maioria são com fornecedores e bancos, chegam a R$ 285,4 milhões.
O advogado Luciano Andrade Pinheiro, do escritório Corrêa da Veiga Advogados, explica que, em relação a situação da Cultura, os funcionários podem recorrer à Justiça com auxílio do sindicato, entrando com uma ação no Ministério Público individualmente ou em grupo. “Mas o dinheiro não vai vir no tempo que os funcionários desejam. Eu diria que eles vão esperar no mínimo 3 anos”, relata.
“A diferença entre falência de uma empresa e recuperação judicial, é que na segunda a companhia ainda tem algum dinheiro, mas não consegue organizar o pagamento das dívidas”, diz Luciano Andrade. Ele também lembra que a livraria deve apresentar um plano de recuperação para as pessoas que ela está devendo. Então, esses credores devem aceitar a proposta, porém donos dos maiores débitos o voto vale mais.
Jornal de Brasília, 26 de outubro de 2018
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