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Felipão vive um dilema na véspera da partida contra a Alemanha: definir o substituto de Neymar

Teresópolis (RJ) — Mudar o esquema ou apenas escolher o substituto de Neymar e manter o posicionamento tático utilizado até agora na Copa? Na véspera da semifinal contra a Alemanha, no Mineirão, o treinador Luiz Felipe Scolari está diante de um dilema: sem o camisa 10, qual é o time ideal para enfrentar os europeus em Belo Horizonte. Se Felipão optar por manter o 4-2-3-1, o armador William e o atacante Bernard aparecem como os principais nomes para entrar no lugar do craque do Barcelona.
Outra opção do treinador da Seleção é escalar o time com três volantes. Nesse caso, Paulinho ou Ramires fariam companhia a Luiz Gustavo, que cumpriu suspensão automática contra a Colômbia, e Fernandinho. Não está descartada também uma reviravolta tática e Felipão adotar o esquema com três zagueiros, que rendeu o penta ao Brasil em 2002. A verdade é que a briga pela vaga de Neymar na Seleção Brasileira segue aberta e o técnico não dá pistas sobre como vai encarar os alemães amanhã.
Ontem à tarde, Felipão comandou treino coletivo na Granja Comary, mas colocou apenas reservas para enfrentar uma equipe sub-20 do Fluminense. Para frustração dos que esperavam que ele já preparasse a equipe que vai começar jogando contra os alemães, os titulares ficaram controlando bola no campo 2 e não treinaram nem mesmo cobranças de faltas e pênaltis como normalmente acontece. Assim, a definição pode ficar para hoje de manhã, quando o treinador comanda nova atividade no CT da CBF.
Entre os que participaram do treino e têm mais chances de começar jogando amanhã, estão o atacante Bernard e o armador Willian. O ex-atleticano começou bem, abrindo o marcador. Porém, caiu de rendimento e pouco fez no restante da atividade. Já o ex-atleta do Corinthians não marcou gol, mas se mostrou muito participativo, criando jogadas e também aparecendo para finalizar.
Nenhum dos dois, porém, reivindica a titularidade. “Pela qualidade e o futebol que o Neymar apresenta, vai fazer falta, mas temos de passar por cima disso. Quem entrar tem de dar o máximo para ajudar a Seleção da melhor maneira possível”, disse Bernard, que ressalta que qualquer que seja o escolhido certamente não gostaria de ganhar a chance dessa forma.
Willian adotou discurso idêntico. “O Neymar é referência, mas todos aqui estão preparados para qualquer situação que apareça, inclusive uma difícil como esta. Se o Felipão optar por mim, estou preparado para fazer meu melhor”, declarou ele, que revelou as diferenças para o camisa 10. “Ele é mais atacante, goleador. Eu sou mais armador, de servir os companheiros.”
A pedido de um repórter, ambos trocaram elogios. Mas podem acabar perdendo a vaga de Neymar para outro atleta, o volante Paulinho. Como os demais atletas que começaram jogando contra a Colômbia, o atleta do Tottenham não participou do coletivo de ontem, mas, como foi bem nas quartas de final, pode ser mantido, com Luiz Gustavo, livre de suspensão, voltando para fazer o trabalho de proteção à zaga.
Titularidade garantida
Quem certamente vai começar jogando amanhã é o zagueiro Dante, autor do segundo gol no treino de ontem. Ele é o escolhido para substituir o capitão Thiago Silva, suspenso por ter recebido o segundo cartão amarelo.
Outro que briga para ser o substituto de Neymar, o volante Ramires fez o terceiro gol da Seleção Brasileira, que jogou com Jefferson; Daniel Alves, Henrique, Dante e Maxwell; Luiz Gustavo, Ramires, Hernanes e Willian; Jô e Bernard. Hernanes também pleiteia a vaga, mas parece ter menos chance que os demais.
“Se o Felipão optar por mim, estou preparado para fazer meu melhor” Willian, armador
PERFIL Dois gols pela Seleção O número 19 pode ser o 10 do Brasil na partida contra a Alemanha. O meia-atacante Willian, do Chelsea, é uma das opções que Luiz Felipe Scolari tem caso queira deixar o time ofensivo na semifinal. O jogador disputou 16 partidas e marcou gols pela Seleção Brasileira, mas não estava na conquista da Copa das Confederações no ano passado. Ele conquistou a vaga de Lucas, do PSG, no elenco do Mundial. Aos 25 anos, Willian vive a melhor fase da carreira. Revelado pelo Corinthians, ele jogou duas temporadas (2006 e 2007) no alvinegro, antes de ser vendido para o Shaktar Donestk, da Ucrânia. Ficou por lá durante seis anos e ergueu o troféu da última edição de Copa da Uefa (antes de virar Uefa Europa League). Curiosidade: em seu primeiro jogo pelo time ucraniano, substituiu Jadson — hoje meio-campista do Corinthians —, outro jogador que esteve no título da Copa das Confederações de 2013, mas foi preterido na convocação para o Mundial. Pelas bandas da antiga União Soviética, jogou ainda no Anzhi, no ano passado. Quando o clube russo passou para uma reestruturação financeira e vendeu praticamente todo o plantel, Willian finalmente teve a chance de ir para um time de primeira linha na Europa, o Chelsea, onde é companheiro de Oscar e Ramires. Entrosamento não vai ser problema para o camisa 19.
CBF vai ao tapetãoO jogo contra a Colômbia ecoou no escritório do departamento jurídico da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Além de cobrar ações contra o lateral Zuñiga, que lesionou Neymar, a entidade pediu revisão do cartão amarelo que tirou Thiago Silva da disputa das semifinais, contra a Alemanha. A preocupação com o desfalque do zagueiro motivou um pedido de anulação, que está em análise na Comissão Disciplinar da Fifa. A decisão deve sair hoje, até o fim do dia, mas a expectativa é que a penalidade seja mantida.
Segundo especialistas em direito desportivo ouvidos pelo Correio, é improvável que a soberania do árbitro espanhol Carlos Velasco Carballo seja colocada em xeque pela Fifa. “A Justiça Desportiva dificilmente reverte uma decisão do juiz, a não ser que o erro seja muito evidente. No caso do Thiago Silva, foi apenas uma interpretação. Ele julgou que a atitude do jogador merecia a punição”, observa Maurício Corrêa da Veiga, presidente da Comissão de Direito Desportivo da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-DF). No lance, o zagueiro da Seleção entrou na frente do goleiro Ospina, da Colômbia, na hora de repor uma bola em jogo.
Um fator que pode dificultar a decisão a favor da Seleção Brasileira é a possibilidade de abrir precedentes em Copa do Mundo. “Se o cartão amarelo for retirado, vai dar a chance de, em partidas futuras, as decisões do árbitro serem contestadas. Isso pode institucionalizar o campeonato, e jogos podem ter o resultado alterado após o apito final. É um precedente perigoso”, alerta o advogado Fernando da Silva Júnior, e explica que é usual que a comissão aplique sanções que não foram vistas pelo juiz durante o jogo, mas alterações de penalidade nunca foram feitas pela Fifa.
Reclamar oficialmente da atuação do árbitro no lance pode ter sido uma forma de protesto da CBF, conforme defende o presidente do Instituto Brasileiro de Direito Desportivo, Gustavo Delbin. Para o advogado, a confederação usou todos os recursos disponíveis para mostrar que está insatisfeita com o caso. “Os advogados da CBF sabem como é difícil reverter o cartão. Mas creio que foi uma forma de marcar posição”, destaca. O Comitê Disciplinar está revendo as imagens para tomar uma decisão antes do jogo da semifinal — amanhã, às 17h, contra a Alemanha.
Árbitro da mordida apitará a semifinal O mexicano Marco Rodríguez, de 40 anos, será o responsável por apitar o duelo entre Brasil e Alemanha, amanhã, às 17h , no Mineirão, pela semifinal da Copa do Mundo. Neste Mundial, o árbitro comandou a polêmica vitória do Uruguai sobre a Itália por 1 x 0, na fase de grupos. O jogo ficou marcado pela mordida de Luis Suárez no ombro do zagueiro Chiellini. Ele apenas conversou com o atacante uruguaio após o lance e não o puniu com cartão.
Não é a primeira vez
O pedido da CBF à Fifa tem precedentes. Temerosas em perder astros de suas seleções, duas federações bateram à porta da entidade organizadora do Mundial recentemente para pedir anulações de cartão amarelo. Nas últimas duas Copas, a Fifa disse “não” e manteve a punição a dois jogadores que estiveram no Brasil no torneio deste ano.
Na África do Sul, há quatro anos, quem saiu dos trilhos foi o superastro Cristiano Ronaldo. Portugal estreava no Mundial de 2010, contra a Costa do Marfim. O técnico Carlos Queiroz logo se assustou. No primeiro jogo lusitano na Copa, Ronaldo recebeu cartão por perder a paciência. O atacante discutiu com o marfinense Guy Demel, e os dois acabaram punidos pelo árbitro Jorge Larrionda com o amarelo. Com o camisa 7 pendurado já na estreia, a Federação Portuguesa de Futebol pediu o cancelamento do cartão. Mas as imagens não mentem, e a Fifa não aliviou.
Em 2006, na Alemanha, mais uma vez, a Fifa teve de ouvir argumentos pela anulação de um cartão amarelo. Desta vez, o punido foi o atacante ganês Asamoah Gyan. Na segunda partida da fase de grupos, Gana enfrentava a República Tcheca depois de perder para a Itália. Gyan foi para a marca do pênalti prestes a abrir o placar. Um apito soou e ele fez o gol. Mas o som não veio do árbitro. O ganês recebeu o cartão amarelo. Cobrou novamente e a bola bateu na trave. Os africanos acabaram vencendo por 2 x 0, mas o cartão tirava Gyan do decisivo confronto contra os Estados Unidos. A Associação de Futebol de Gana pediu à Fifa que cancelasse o cartão. Gyan teria sido enganado por um apito soprado da arquibancada. A entidade, novamente, manteve a suspensão. Mesmo assim, Gana venceu os norte-americanos e se classificou. (JR e VM)
Fonte: http://www.df.superesportes.com.br/app/19,614/2014/07/07/interna-noticia,56525/felipao-vive-um-dilema-na-vespera-da-partida-contra-a-alemanha-definir-o-substituto-de-neymar.shtml